A nutrição exerce um papel crucial no desenvolvimento e no bem-estar da criança com autismo. Por isto mesmo, é importante entender o debate sobre a influência da alimentação em crianças com TEA. Por exemplo, muito estudos tem sido realizados para investigar a  relação entre alergias alimentares e o Transtorno do Espectro do Autismo.

Para ajudar a responder esta e algumas outras das dúvidas a respeito do assunto, conversamos com a nutricionista Sthienifer Bergami. O resultado, você lê abaixo!

Seletividade dos alimentos

Sthienifer Bergami esclarece que a seletividade alimentar realmente está presente em grande parte dos indivíduos com autismo e as razões para isto devem-se a causas orgânicas, à história de vida da criança ou ambos. Mas o que é seletividade alimentar? É um quadro de restrição alimentar onde a criança recusa-se e a ingerir uma variedade de alimentos. Muito comum em crianças até três anos de idade, a seletividade alimentar pode se extender para além da primeira infância em pessoas com TEA.

Para lidar com quadros de seletividade alimentar os especialistas recomendam melhorar a qualidade da alimentação, excluindo alergênicos e industrializados. Assim, pode ser eliminada a ingestão de alimentos que costumam conter caseína, glúten, lactose, glutamato ou outras substancias para as quais a criança pode apresentar alguma reação adversa. Se a causa da recusa alimentar for de base orgânica, é possível reduzir a seletividade alimentar melhorando o bem estar geral da criança.

É preciso entender também que os indivíduos com TEA podem apresentar dificuldades sensoriais que dificultam o processo de alimentação. Crianças podem recusar alimentos por que não toleram certos sabores ou texturas. Se for este o caso, é importante ajudar a criança a tolerar novos alimentos por meio da apresentação gradual e em pequenos passos, deste modo, pode-se modificar hábitos por meio da dessensibilização sistemática, criando um contexto mais apropriado para a alimentação, diminuindo a rigidez de comportamento e tornando o alimento familiar à pessoa. Assim, é possível melhorar a aceitação dos alimentos.

É muito importante lembrar que para que obtenha os melhores resultados, o indivíduo com autismo precisa estar organizado do ponto de vista orgânico e comportamental antes de receber o tratamento da seletividade alimentar.

(Nota da casulo: o debate sobre a escolha dos pais sobre a dieta para a criança com autismo requer primordialmente estar bem informado sobre os estudos baseados em evidência. Segundo o pediatra Daniel Coury, chefe do departamento de desenvolvimento comportamental pediátrico do Nationwide Chidren’s Hispital, de Columbus (Ohio), não há evidências suficientes para apontar que dietas Glútem Free ajudam a melhorar comportamentos de todas as pessoas com autismo.), portanto, a escolha dos pais dever ser feita com base no bem estar geral da sua criança.

Peculiaridades na abordagem com crianças com autismo

Existem algumas diferenças nas abordagens de tratamento oferecidas crianças com autismo e para crianças neurotípicas, pois é preciso levar em consideração as alterações comportamentais das crianças dentro do espectro e as suas necessidades nutricionais específicas. Uma das características marcantes do TEA  é a rigidez de comportamento, para reduzir inflexibilidade no momento da alimentação é preciso aplicar uma metodologia de trabalho específica para esse público e isto requer o acompanhamento de uma equipe especializada.

Correlação entre intolerâncias alimentares e autismo

Muito se tem estudado sobre a relação intestino-cérebro e a importância da nutrição na vida das crianças com TEA. Uma das áreas de pesquisa mais importantes investiga o papel da microbiota intestinal de pessoas com autismo que apresentem inflamações, conhecida como disbiose intestinal (estado alterado da ecologia microbiana na cavidade oral ou trato gastrointestinal), assim como muitas alergias alimentares. Pesquisadores tentam entender os efeitos da permeabilidade intestinal para melhor ajudar este indivíduos. Diante disso, se justifica a escolha de alimentação livre de alergênicos e industrializados para uma vida mais saudável. É Importante deixar claro que alimento algum causa o autismo. Mas a forma com que determinados alimentos são metabolizados pelo organismo de um indivíduo com autismo pode levar à irritações e desconfortos. Estados internos de desconforto e dor podem desencadear comportamentos desafiadores, principalmente se houver algum tipo de intolerância alimentar concomitante ao autismo.

Alimentos contraindicados

Hoje os alimentos tipicamente excluídos da dieta infantil são o glúten, a caseína, os industrializados e a soja, além dos transgênicos e outras substâncias que precisam ser removidas dependendo da necessidade de cada criança.

A exclusão desse alimentos e as suplementações necessárias, podem de fato melhorar a qualidade de vida e diminuir sintomas presentes na seletividade alimentar, hiperatividade, alguns tipos de estereotipias, heteroagressão e autoagressão, que muitas vezes são formas que uma pessoa com autismo tem de expressar desconforto físico ou evitar situações aversivas no momento da alimentação.

O que os pais devem fazer?

O mais importante é estar bem informado sobre as vantagens e desvantagens de dietas alimentares e, sobretudo, procurar ajuda profissional especializada para seus filhos. Finalmente, pais devem oferecer comida de verdade, sem esquecer de uma boa dose de persistência.

E o que os pais não devem fazer de forma alguma?

Ignorar a alimentação e a seletividade alimentar, achando que é normal é que vai passar com o tempo.

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As festas de final de ano podem causar preocupações às famílias que possuem uma criança com autismo. Afinal, esse é um período repleto de jantares ou festas em família, normalmente com muita gente, barulho e cuja rotina é sensivelmente modificada para o indivíduo com TEA. A situação pode ser ainda mais complexa ao participar de eventos na comunidade e nas festas de Ano Novo, quando os fogos de artifício fazem podem ser especialmente incômodo às crianças com TEA.

Mas calma, com um bom planejamento e tomando algumas providências dentro da abordagem da Análise do Comportamento, você pode fazer um bom planejamento e organizar ótimas festas de final de ano também para a sua criança com autismo. Confira abaixo!

Tenha um plano

Uma coisa muito comum dentro da análise de comportamento é o arranjo antecedente à atividade. Nele, é feito um plano para que a atividade no qual a criança vai participar. Por exemplo, você pode organizar previamente o ambiente em que a criança estará. Se a criança é sensível ao barulho, é interessante evitar músicas altas e ter um ambiente mais silencioso livre de ruídos que possa ser usado para quando ela precise de um tempo longe da agitação.

Faça um contrato comportamental

Tente explicar para onde vocês estão indo e quais as suas expectativas do comportamento social para com a criança. Explique “hoje nós iremos à casa da vovó e participaremos dessa forma”, para que ela tenha clareza do que é esperado dela. Aliado a isso, use reforçadores positivos com a criança. Pode ser um brinquedo preferido, uma atividade que a criança goste… Também é interessante que você permita que a criança decida qual o reforçador positivo que será utilizado.

Mais reforços positivos

Elogie sempre que você perceber que a criança esteja seguindo as regras de modo cooperativo. Isso a ajudará a manter-se engajada às regras estabelecidas. Por isso, fique sempre de olho em seus comportamentos e não perca a chance de reforçar uma ação considerada positiva.

Atenção com a comunicação

Dê liberdade para seu filho ou filha poder se comunicar e preste bem atenção no que ele ou ela esteja tentando lhe informar. Nem todas as crianças com autismo conseguem se comunicar com palavras ou consegue informar com precisão como ela está se sentindo naquele ambiente. Por isso fique atento à linguagem que ela conseguir fazer: seja uma palavra, um gesto ou mostrando uma figurinha. Ela pode estar tentando dizer que o está muito alto, ou que gostaria de sair ou que já ficou o tempo suficiente.

Cumpra com o que foi combinado

Lembra quando falamos do contrato de comportamental? Pois ele vale para você também. Lembre-se de cumprir imediatamente a sua parte daquilo que foi combinado previamente. Seja com os reforços positivos ou com o horário de ir embora.

Bônus: E se a criança ficar muito agitada durante a festa?

Lembre-se que crianças com autismo são muitas vezes sensíveis ao barulho e à mudança de rotinas. Mas não entre em pânico. Caso isso aconteça, direcione-a a um lugar calmo e seguro, afim de que ela possa se acalmar. Aguarde até que ela se acalme e, quando isso acontecer, engaje-a em uma atividade ou tarefa alternativa até ela demonstrar cooperação. Disponibilize reforçadores sociais à vontade e faça muitos elogios para os comportamentos de cooperação. Considere encerrada a atividade no momento em que ela estiver calma.

 

No Brasil, encontrar uma escola com estrutura e que aceite uma criança com autismo já é suficientemente complicado para pais e para o próprio aluno. Encontrar espaços acolhedores e preparados para receber essas crianças, então, é ainda mais desafiador.

Mas você, enquanto educador, pode ajudar a criar um ambiente mais seguro e saudável para um aluno com TEA.

Veja abaixo algumas dicas do site Autism Speaks para prevenir alguns desses comportamentos desafiadores dentro do ambiente escolar.

1- Reconheça o comportamento como comunicação. Tente entender a intenção comunicativa do comportamento e ensine ao aluno maneiras apropriadas de se comunicar, e dê-lhes reforço positivo quando tiverem sucesso.

2- Estabeleça um plano de comportamento em sala de aula para todos os alunos promoverem os comportamentos esperados.

3- Forneça feedback específico sobre o comportamento e elogios e reforços amplos.

4- Desenvolva um plano individualizado de apoio ao comportamento positivo para cada aluno com autismo.

5- Comunique expectativas, use horários diários e de curto prazo, avise sobre mudanças nas rotinas ou no pessoal, prepare o aluno para eventos inesperados, como exercícios de incêndio, excursões ou dias de campo, substitutos, etc.

6- Ofereça opções e forneça ao aluno algum controle. Por exemplo: “Em qual dessas tarefas devemos trabalhar primeiro? Matemática ou leitura?”. Ou “Você deseja resolver 10 problemas de matemática ou 15 problemas de matemática?”. Mesmo se o aluno não tiver uma escolha verdadeira, pode sentir que tem alguma contribuição e não é direcionado ao longo de todas as etapas do dia. 

7- Utilize os intervalos como forma de retornar a um estado calmo ou como recompensa pelo “bom trabalho”, mas esteja atento a como e quando os intervalos são dados. Proporcionar uma pausa no meio de uma explosão durante uma atividade menos preferida pode ajudar a criar esse comportamento negativo, uma vez que se torna uma estratégia para o aluno. Por exemplo: “Se eu gritar, evito fazer um dever de matemática”. Ensine o aluno a solicitar uma pausa antes que ele aja em crise, usando uma sugestão visual apropriada, seja levantando a mão e pedindo ou usando um assistente visual.

8- Ensine contingências e estratégias de espera.  Um cartão de sinalização “ESPERE” que pode ser implementado em uma variedade de configurações

9- Pratique flexibilidade e automonitoramento – inicie isso quando o aluno estiver calmo e ajude a fornecer uma estrutura para o que realmente é calmo e pronto para participar.

10- Avalie comportamentos que precisam ser alterados, considerando os fatores existentes antes do comportamento ocorrer, os detalhes do próprio comportamento e os eventos que se seguiram. Converse com seus colegas professores para obter sua perspectiva e desenvolva uma compreensão da função do comportamento (a que finalidade isso serviu?) para que um comportamento ou estratégia de substituição possa ser desenvolvido. Conte com o apoio de especialistas em comportamento na análise de comportamentos que precisam ser abordados.

(Texto adaptado do site Autism Speaks. Clique aqui e confira o material completo)

A Terapia ABA é a única intervenção ao autismo cuja eficiência é devidamente comprovada do ponto de vista científico. Mais que isso, o uso de tratamentos alternativos podem significar um risco à saúde ou prejuízo irreparável ao desenvolvimento do indivíduo com autismo.

Entretanto, são raros os profissionais que possuem a capacitação adequada para supervisionar, ou mesmo aplicar, as técnicas propostas pela Análise do Comportamento Aplicado no Brasil, afinal são muitas as qualificações necessárias para por em prática um programa eficaz.

Por isso, encontrar o profissional adequado pode significar uma árdua saga para muitos pais de crianças com autismo.

Diante desse cenário, muitos pais se perguntam: o que se pode fazer enquanto continuam na procura do tratamento adequado?

Essa pergunta, inclusive, foi tema da palestra feita pela Diretora Clínica da Casulo Comportamento e Saúde, drª Mylena Lima, no I Congresso Nacional da ACBr.

Além de falar sobre a atuação ética e responsável de profissionais da Análise do Comportamento Aplicada, foi possível falar diretamente às famílias de pessoas com autismo sobre o que é preciso fazer quando se ainda está em busca desse profissional qualificado, infelizmente raro no Brasil, uma vez que a demanda por serviços é bem maior que a oferta de programas de qualificação profissional apropriada.

Durante a palestra, a doutora fez questão de ressaltar os seguintes pontos.

O primeiro é identificar os profissionais adequados. Isto pode ser feito consultando associações como a ACBr, ABPMC, os Conselhos Regionais de Psicologia e checando a plataforma lattes do CNPq. Tudo isto para confirmar se o profissional concluiu a formação acadêmica mínima requerida e tem registro ativo no conselho profissional da região em que quer atuar.

A segunda é não cair na tentação de buscar estratégias e ofertas de cura ou tratamentos alternativos ou que não tem comprovação científica e cuidado com os programas ecléticos, que misturam diferentes tipos de abordagem com carga horária reduzida e sem nenhuma integração entre as metas terapêuticas.

“Do ponto de vista científico, esses tratamentos alternativos são comprovadamente muito menos efetivos que um programa de análise do comportamento aplicada, além de representar riscos sérios à saúde e ao desenvolvimento do indivíduo com autismo”.

Outro ponto muito importante é adquir informações em fontes fidedignas para que possam tomar decisões importantes.

Além disso, os paisdevem buscar a própria capacitação visando melhorar as suas habilidades de educação parental primando por utilização de estratégias baseadas em evidências, como por exemplo o uso do reforçamento positivo para o ensino de habilidades para crianças, habilidades do dia-dia também para a redução dos problemas de comportamento, compreendendo porque os comportamentos ocorrem e como manejar esses comportamentos.

A Casulo Comportamento e saúde é comprometida com a excelência na Análise do Comportamento Aplicada e que possui a capacitação necessária para a aplicação das técnicas da Terapia ABA. Precisa de orientação? Entre em contato conosco!

O primeiro Congresso Nacional da Associação da Análise do Comportamento do Brasil, realizado na USP, nos últimos dias 15 e 17 de novembro, foi mais que uma reunião entre os principais profissionais da Análise do Comportamento Aplicada do Brasil. Foi também um momento de importante discussão sobre o  esenvolvimento da área no país, cuja demanda por profissionais capacitados cresce todos os anos.

Tendo como tema principal o autismo, o evento foi considerado muito oportuno para a comunidade acadêmica, profissionais da análise do comportamento e pais de indivíduos dentro do Espectro do Autismo, especialmente em um momento no qual cresce a oferta de serviços na área de pessoas que não têm a competência e a capacitação profissional apropriada.

A Diretora Clínica da Casulo Comportamento e Saúde, drª Mylena Lima, foi uma das palestrantes do evento e ressaltou a importância do encontro para discutir os riscos à população que a oferta de tratamentos não apropriados para essa população, principalmente levando em consideração o aumento da prevalência do autismo na população brasileira.

“Discutir a implementação de programas de Análise do Comportamento Aplicado ao autismo e a possibilidade de formação profissional no Brasil é fundamental para dar qualidade e segurança para famílias e para as próprias pessoas dentro do espectro”, afirma Mylena.

Lembrando que a Terapia ABA é a única que possui uma efetividades comprovada através de estudos feitos com a metanálise — análise estatística de diferentes estudos feitos separadamente para comprovação da efetividade de programas abrangentes e focais na análise de comportamento — de estudos clínicos.

A importância desses estudos é o que caracteriza que componentes fundamentais para a implementação de um programa ABA e tais componentes só podem ser colocadas em vigor se as pessoas que estão realizando e desenvolvendo esse programa possuem um domínio completo da análise do comportamento.

Por isso, parte essencial do encontro foram as discussões sobre as características dos programas de análises do comportamento aplicados ao autismo e também a relevância dos profissionais responsáveis pela implementação desse programa tenha uma vasta e comprovada capacitação dentro da área.

“O uso de uma técnica errada pode resultar em prejuízos sérios e, por vezes, irreversíveis para o desenvolvimento do indivíduo com TEA”, conclui Mylena.

Autismo: O que fazer enquanto encontrado o tratamento correto?

O Transtorno do Especrto do Autismo (TEA) não tem uma lista de sintomas fechados. Ele  pode se manifestar de diversas formas. No entanto, o TEA é marcado pela dificuldade de comunicação e socialização, tendo três características principais: o prejuízo nas habilidades de comunicação, a presença de comportamento repetitivos e estereotipados e a dificuldade de socialização.

Os sintomas do autismo aparecem entre os 2 e 3 anos de idade. No entanto, sinais precoces já podem ser percebidos aos 18 meses. O Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-5) lista 16 sinais para identificação do autismo, no entanto, a criança ou adolescente precisa apresentar seis destes critérios para a confirmação do diagnóstico.

Quanto antes autismo for percebido, maior será o sucesso dos tratamentos. Em geral, os pais e familiares são os primeiros a identificar alterações no desenvolvimento das crianças. Entretanto, é fundamental procurar um profissional qualificado que possa fazer um diagnóstico preciso. Entre os principais sintomas do autismo, estão:

  • Dificuldade de manter contato visual;
  • Ausência de interação com mãe durante a amamentação;
  • Andar na ponta dos pés;
  • Ser extremamente sensível a estímulos táteis, auditivos ou visuais;
  • Dificuldades ou atraso no desenvolvimento da fala;
  • Dificuldade para interagir socialmente: se isolar e não interagir com outras crianças, mesmo em ambientes com outras pessoas;
  • Não atender quando chamados pelo nome, não olhar quando apontamos para algum objeto ou compartilhar interesse e atenção;
  • Separar e alinhar objetos por cor, tamanho ou categoria;
  • Manter comportamentos repetitivos e estereotipados sem finalidade aparente, com bater palmas, estalar os dedos, balançar o corpo ou as mãos;
  • Repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sintoma chamado de ecolalia;
  • Girar objetos ou olhar por longos períodos para objetos que giram, como ventiladores ou máquinas de lavar roupa;
  • Ter dificuldade de pensar de forma abstrata, não brincar de faz-de-conta ou fantasia;
  • Não acompanhar os acontecimentos a sua volta, por exemplo, não olhar quando um objeto cai no chão ou se assustar quando alguém grita;
  • Não brincar com os brinquedos de forma convencional, como jogar uma boneca como se fosse uma bola ou se focar em apenas uma parte do brinquedo, como as rodinhas de um caminhão;

Nenhuma criança com autismo é igual à outra e nem todos os sintomas descritos acima precisam se manifestar para o autismo seja diagnosticado.

De toda forma, caso um ou mais dos sintomas sejam identificados, os pais ou responsáveis devem procurar um médico ou psicólogo para avaliação. A Casulo Comportamento e Saúde conta com uma equipe qualificada que faz uso de protocolos validados cientificamente para realizar a avaliação precoce e diagnostico do autismo.

Além disso, é importante lembrar que melhor será o resultado de tratamento, caso a criança tenha acesso a tratamento cientificamente validado. Tratamentos sem evidência ciêntífica tem pouco ou nenhum resultado e podem agravar os problemas relacionados ao autismo.

O autismo, ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), refere-se a uma ampla gama de condições caracterizadas por desafios para aprendizagem de habilidades sociais, presença de comportamentos repetitivos, fala e comunicação não verbal. Estima-se que o Brasil possua cerca de 2 milhões de pessoas com autismo, ou seja, cerca de 1% da população brasileira.

Sabemos que não existe uma forma de autismo, mas muitos tipos de manifestações, influenciados por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Por isso, as pessoas com autismo estão dentro de um espectro, sendo que cada pessoa com TEA tem um conjunto distinto de habilidades e dificuldades.

As maneiras pelas quais as pessoas com autismo aprendem, pensam e resolvem problemas podem variar de altamente funcionais a outros com severas dificuldades. Algumas pessoas com TEA podem precisar de apoio significativo em suas vidas diárias, enquanto outras podem precisar de menos apoio e, em alguns casos, viver de forma totalmente independente.

Vários fatores podem influenciar o desenvolvimento do autismo, e muitas vezes são acompanhados por sensibilidades sensoriais e problemas médicos, como distúrbios gastrointestinais (GI), convulsões ou distúrbios do sono, além de desafios de saúde mental, como problemas de ansiedade, depressão e atenção.

Os indicadores de autismo geralmente aparecem aos 2 ou 3 anos de idade. Alguns atrasos no desenvolvimento associados podem aparecer ainda mais cedo e, muitas vezes, podem ser diagnosticados em 18 meses, mas estudos já indicam a possibilidade do diagnóstico precoce do autismo com apenas 12 meses de idade. Pesquisas mostram que a intervenção precoce leva a resultados positivos mais tarde na vida de pessoas com autismo.

Leia também: Principais perguntas sobre Autismo e Terapia ABA

Ter momentos recreativos, com atividades e experiências que produzem sentimentos de prazer e satisfação, é importante para todo mundo. Isso não é diferente para pessoas com autismo.

Mais que isso, esses momentos podem ser particularmente importantes, pois servem como oportunidades para praticar habilidades sociais, aptidão física e aumentar a motivação, fornecendo uma base para aumento da autoconfiança.

Ainda mais importante, porém, é que a participação nesses programas também ajuda a melhorar as habilidades mais gerais que podem ser aplicadas em ambientes como escola e trabalho. Portanto, o progresso pode ser visto não apenas nos programas específicos, mas também em outras áreas da vida.

Pensando nisso, confira abaixo três questões mais perguntadas por pais a respeito de atividades recreativas voltadas para crianças com autismo.

Leia também: Treino de toalete: Os princípios da Terapia ABA podem ser usados ​​para treinar uma criança com TEA?

Como descobrir o que a criança gosta de fazer?

Trabalhe dentro do contexto das habilidades e interesses de seu filho e a partir daí a dica é trabalhar com a exposição às atividades. Dê à criança a oportunidade de experimentar várias atividades por um período de tempo para ver se algo específico nelas, ou ter interesses limitados. Portanto, envolvê-las em atividades recreativas pode, às vezes, exigir a expansão das idéias tradicionais de lazer.

É importante lembrar que muitas vezes, as habilidades de lazer devem ser especificamente ensinadas a indivíduos com autismo. Assim, o ensino dessas habilidades para seus filhos aumentará sua confiança e, como resultado, os tornará mais interessados ​​em ingressar em programas recreativos, clubes ou equipes.

Dica: Você também pode usar a tecnologia para ajudá-lo a descobrir o que a criança gosta. Há videogames que fornecem simulações de atividades esportivas que podem preencher a lacuna entre o interesse do seu filho em videogames e atividades do mundo real.

Como faço para lidar com uma situação que envolve recreação que dá errado?

Não importa o quanto você queira que uma atividade recreativa funcione ou planeje nos menores detalhes, sempre há a chance de ela não acontecer ou dar errado. Por isso, é importante ter sempre um plano alternativo. Uma boa forma de driblar essas situações difíceis é envolvendo a família, criando espaços seguros e incentivando atividades que incluem a todos, especialmente a criança com TEA.

Além disso, é sempre bom procurar o apoio de outros pais de crianças com autismo que tenham experiências semelhantes também pode ser incrivelmente útil. Vocês podem oferecer sugestões um para o outro sobre o que funcionou para você e, em breve, poderão estar rindo de uma experiência ruim que apenas um dia antes o incomodava.

Quais são alguns exemplos de atividades recreativas para crianças com autismo?

O componente social de algumas atividades recreativas e de lazer pode tornar algumas atividades mais gratificantes e agradáveis ​​para crianças com autismo.

Hobbies como futebol de botão, jogar cartas ou jogos de tabuleiro, desenhar e fotografar também podem oferecer oportunidades de diversão, além de aumentar a autoconfiança e a motivação das pessoas no espectro.

Atividades esportivas individuais, como corrida, natação, caminhada ou ciclismo permitem que indivíduos com autismo participem da recreação sem interações sociais que possam causar estresse.

Quando você e a criança se sentirem mais confortáveis e confiantes, vale então a pena tentar atividades e esportes coletivos, como basquete e futebol, de preferência em um ambiente seguro, como, por exemplo junto com a família ou com outras crianças com autismo.

Nesta próxima sexta-feira, dia 15 de novembro, tem início o 1º Congresso Nacional da Associação Brasileira de Análise do Comportamento Autismo e Desenvolvimento Atípico (ACBr) e a Casulo Comportamento e Saúde estará marcando presença no evento que reunirá alguns dos principais profissionais da Análise do Comportamento. A diretora clínica drª Mylena Lima será uma das palestrantes do Congresso que ocorre até o dia 17 do mesmo mês, no Campus Cidade Universitária da USP, em São Paulo.

Pós-doutora pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e uma das maiores referências da análise comportamental voltada para o autismo, Mylena Lima ministrará a palestra “O que você pode fazer e o que não ajudará fazer até encontrar um tratamento ABA?”.

Leia também: Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo

Gratuita e aberta para o público, a palestra servirá para ajudar  a esclarecer dúvidas e informar as famílias que possuem crianças dentro do espectro do autismo com informações relevantes e confiáveis.

“Sabemos que no Brasil o acesso ao tratamento adequado do autismo é difícil de se conseguir. Portanto, o objetivo é desmistificar determinadas questões que envolvem o desenvolvimento das crianças com TEA e ajudar as famílias a lidarem da melhor forma possível até que consigam esse tratamento de qualidade, que é a Terapia ABA”, afirma.

Vale lembrar que a Terapia ABA é a única que possui reconhecimento científico e que pode ser usada em todos os níveis do Espectro e a drª Mylena Lima é uma das poucas profissionais que possuem o certificado da Board Certified Behavior Analyst (BCBA-D), que atesta a qualificação do profissional para trabalhar com a Terapia ABA.

Evento

O I Congresso da ACBr também reunirá analistas do comportamento reconhecidos internacionalmente por sua contribuição à área. Além de Richard Malott, confirmaram presença, entre outros, Celso Goyos, Coordenador do instituto Lahmiei da UFSCar; Profª. Maria Martha Hübner, eleita em 2014 presidente da Associação Internacional de Análise do Comportamento (ABAI); e o professor Raymond G Miltenberg, autor do livro “Modificação do Comportamento: Teoria e Prática”.

O evento inclui palestras, minicursos, mesas de debates e uma programação paralela no sábado (16), a partir de 14h, aberta à comunidade e com inscrições gratuitas. Nesse espaço, os interessados vão saber o que é ABA e como identificar uma intervenção ABA; evidências de intervenção ABA ao aTEA; e o que se pode fazer e o que não ajudará até se encontrar um tratamento ABA.

Clique aqui e veja a programação completa!

 

O treino do toalete é uma das mais importantes habilidades a serem adquiridas no processo de desenvolvimento infantil. Em crianças dentro do Transtorno do Espectro do Autismo, o treino dessas habilidades se torna mais complexo e desafiador.

Pensando nisso, a diretora clínica da Casulo, Mylena Lima, responde à pergunta que muitos pais de crianças com TEA e até mesmo profissionais que lidam com o autismo costumam fazer: os princípios da Terapia ABA podem ser utilizados no treinamento de crianças com autismo, da mesma maneira que crianças neurotípicas?

E a resposta, segundo Mylena Lima é sim! As crianças com autismo podem ser treinadas nos banheiros exatamente pelos mesmos métodos usados ​​nas crianças com desenvolvimento típico.

Mylena explica que quem já treinou uma criança com desenvolvimento típico no banheiro, provavelmente usou uma combinação de elogios e recompensas por ir ao banheiro; explicar suas expectativas, remover a fralda da criança, ir ao toalete em algum tipo de horário, apressando-o ao banheiro quando eles pareciam precisar ir e ensinando como notificá-lo de que ele precisa usá-lo. “O meu conselho para treinar o banheiro de uma criança no espectro é usar exatamente as estratégias que acabei de descrever”, afirma ela.

Desafios com TEA

Com crianças dentro do TEA as coisas parecem se tornar um pouco mais difíceis. Quanto a isso, a doutora explica que um dos maiores obstáculos é simplesmente iniciar o treinamento. Isso porque os pais pensam que o treino do toalete será muito difícil ou algo tão diferente de qualquer outra coisa que eles tiveram que ensinar para essa criança (ou para outra que por ventura tenham tido anteriormente), que tendem a adiar o treinamento.

“Recomenda-se iniciar o treino de toalete por volta dos dois anos de idade, para meninas, e dois anos e meio, para meninos. Entretanto, quando se trata de uma criança com deficiências no desenvolvimento, é muito difícil usar esses padrões. Ao invés disso, essa mesma criança pode ser considerada pronta para começar o treinamento quando conseguem segurar a urina na bexiga por pelo menos uma hora, podem permanecer sentados no toalete por pelo menos três minutos, já conseguem fazer a relação entre seguir as instruções e ser recompensado e não possuem nenhum comportamento de interferência significativamente problemática“, explica ela. Mylena também aponta a necessidade absoluta de consistência e intensidade do treinamento ao ser iniciado

Além disso, quanto mais intenso for a implementação do plano de treino, mais rápido serão os resultados. A recomendação, segundo Mylena, é que nos procedimentos mais intensos, ter um plano de treino de pelo menos 6-8 horas por dia.

Leia também: “A contribuição da Análise do Comportamento Aplicada para a Educação Especial”

O que fazer com os escapes?

Por incrível que pareça os escapes no treinamento do banheiro são uma coisa boa. Na verdade, explica Mylena, sem escapes, você apenas reforçará as viagens precoces ao banheiro, resultando em uma criança treinada com horários em vez de independente.

Pais, tutores e profissionais que trabalham com a criança têm duas opções nesses momentos, estímulo/reforço.

No primeiro segundo da criança que sofreu um escape, produza um sobressalto verbal alto, como ‘Apresse-se, apresse-se, apresse-se’. Isso não é uma repreensão, mas deve ser declarado em um tom de voz muito alto, surpreendente e urgente. A ideia é produzir temporariamente uma resposta surpreendente na criança, para que a micção seja mantida reflexivamente por um breve momento”.

É importante continuar com essas estratégias até que a criança comece a mostrar menos escapes, a seguir o cronograma e a solicitar independentemente. Durante o treinamento, é muito importante coletar dados sobre escapes e sucessos, para que você possa tomar decisões baseadas em dados ao longo do caminho.

Diminuir a intensidade da programação, desaparecer do banheiro e, finalmente, diminuir as recompensas tangíveis. “Com este programa de tratamento intensivo, vi treinamento completo em menos de uma semana; no entanto, não desanime se o seu filho demorar mais”, ele resume.

E o treinamento de intestino?

Nesse caso, a doutora tem boas e más notícias. A boa, ele diz, é que você geralmente recebe treinamento do intestino juntamente com o treinamento para urinar sem fazer nenhum procedimento adicional. A má notícia é que nem sempre é esse o caso.

Ou seja, quando uma criança é treinada para urinar, mas continua a ter escapes intestinais, você precisa descobrir o motivo por trás do problema antes de poder tratá-lo. Isso quer dizer simplesmente uma falta de conhecimento? Um ritual ou rotina arraigada? Não conformidade? Um problema médico como constipação? A natureza dos escapes orientará seu tratamento.

É interessante treinar no intestino somente quando é provável que a criança precise evacuar.  se o problema for mais persistente ou envolver rituais e comportamentos não cooperativos, você precisará do suporte de um analista do comportamento para implementar um plano de intervenção efetivo. E, finalmente, ela diz, “se o problema é de natureza médica, siga as recomendações de um médico ou nutricionista”.