A nutrição exerce um papel crucial no desenvolvimento e no bem-estar da criança com autismo. Por isto mesmo, é importante entender o debate sobre a influência da alimentação em crianças com TEA. Por exemplo, muito estudos tem sido realizados para investigar a  relação entre alergias alimentares e o Transtorno do Espectro do Autismo.

Para ajudar a responder esta e algumas outras das dúvidas a respeito do assunto, conversamos com a nutricionista Sthienifer Bergami. O resultado, você lê abaixo!

Seletividade dos alimentos

Sthienifer Bergami esclarece que a seletividade alimentar realmente está presente em grande parte dos indivíduos com autismo e as razões para isto devem-se a causas orgânicas, à história de vida da criança ou ambos. Mas o que é seletividade alimentar? É um quadro de restrição alimentar onde a criança recusa-se e a ingerir uma variedade de alimentos. Muito comum em crianças até três anos de idade, a seletividade alimentar pode se extender para além da primeira infância em pessoas com TEA.

Para lidar com quadros de seletividade alimentar os especialistas recomendam melhorar a qualidade da alimentação, excluindo alergênicos e industrializados. Assim, pode ser eliminada a ingestão de alimentos que costumam conter caseína, glúten, lactose, glutamato ou outras substancias para as quais a criança pode apresentar alguma reação adversa. Se a causa da recusa alimentar for de base orgânica, é possível reduzir a seletividade alimentar melhorando o bem estar geral da criança.

É preciso entender também que os indivíduos com TEA podem apresentar dificuldades sensoriais que dificultam o processo de alimentação. Crianças podem recusar alimentos por que não toleram certos sabores ou texturas. Se for este o caso, é importante ajudar a criança a tolerar novos alimentos por meio da apresentação gradual e em pequenos passos, deste modo, pode-se modificar hábitos por meio da dessensibilização sistemática, criando um contexto mais apropriado para a alimentação, diminuindo a rigidez de comportamento e tornando o alimento familiar à pessoa. Assim, é possível melhorar a aceitação dos alimentos.

É muito importante lembrar que para que obtenha os melhores resultados, o indivíduo com autismo precisa estar organizado do ponto de vista orgânico e comportamental antes de receber o tratamento da seletividade alimentar.

(Nota da casulo: o debate sobre a escolha dos pais sobre a dieta para a criança com autismo requer primordialmente estar bem informado sobre os estudos baseados em evidência. Segundo o pediatra Daniel Coury, chefe do departamento de desenvolvimento comportamental pediátrico do Nationwide Chidren’s Hispital, de Columbus (Ohio), não há evidências suficientes para apontar que dietas Glútem Free ajudam a melhorar comportamentos de todas as pessoas com autismo.), portanto, a escolha dos pais dever ser feita com base no bem estar geral da sua criança.

Peculiaridades na abordagem com crianças com autismo

Existem algumas diferenças nas abordagens de tratamento oferecidas crianças com autismo e para crianças neurotípicas, pois é preciso levar em consideração as alterações comportamentais das crianças dentro do espectro e as suas necessidades nutricionais específicas. Uma das características marcantes do TEA  é a rigidez de comportamento, para reduzir inflexibilidade no momento da alimentação é preciso aplicar uma metodologia de trabalho específica para esse público e isto requer o acompanhamento de uma equipe especializada.

Correlação entre intolerâncias alimentares e autismo

Muito se tem estudado sobre a relação intestino-cérebro e a importância da nutrição na vida das crianças com TEA. Uma das áreas de pesquisa mais importantes investiga o papel da microbiota intestinal de pessoas com autismo que apresentem inflamações, conhecida como disbiose intestinal (estado alterado da ecologia microbiana na cavidade oral ou trato gastrointestinal), assim como muitas alergias alimentares. Pesquisadores tentam entender os efeitos da permeabilidade intestinal para melhor ajudar este indivíduos. Diante disso, se justifica a escolha de alimentação livre de alergênicos e industrializados para uma vida mais saudável. É Importante deixar claro que alimento algum causa o autismo. Mas a forma com que determinados alimentos são metabolizados pelo organismo de um indivíduo com autismo pode levar à irritações e desconfortos. Estados internos de desconforto e dor podem desencadear comportamentos desafiadores, principalmente se houver algum tipo de intolerância alimentar concomitante ao autismo.

Alimentos contraindicados

Hoje os alimentos tipicamente excluídos da dieta infantil são o glúten, a caseína, os industrializados e a soja, além dos transgênicos e outras substâncias que precisam ser removidas dependendo da necessidade de cada criança.

A exclusão desse alimentos e as suplementações necessárias, podem de fato melhorar a qualidade de vida e diminuir sintomas presentes na seletividade alimentar, hiperatividade, alguns tipos de estereotipias, heteroagressão e autoagressão, que muitas vezes são formas que uma pessoa com autismo tem de expressar desconforto físico ou evitar situações aversivas no momento da alimentação.

O que os pais devem fazer?

O mais importante é estar bem informado sobre as vantagens e desvantagens de dietas alimentares e, sobretudo, procurar ajuda profissional especializada para seus filhos. Finalmente, pais devem oferecer comida de verdade, sem esquecer de uma boa dose de persistência.

E o que os pais não devem fazer de forma alguma?

Ignorar a alimentação e a seletividade alimentar, achando que é normal é que vai passar com o tempo.

Siga Sthienifer Bergami nas redes sociais: @sthieniferbergaminutri

 

0 respostas

Deixe uma resposta

Quer participar da discussão?
Sinta-se à vontade para comentar!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *