interesses especiais no autismo

Uma das características mais comuns do autismo é a existência de interesses especiais, ou interesses estreitos e intensos. A maioria das pessoas autistas tem um ou mais interesses especiais que podem variar de tema. Estudos mostraram que esses interesses podem ser importantes em ambientes educacionais e de trabalho, mas há poucas pesquisas sobre como eles se apresentam na comunidade autista.

Neste estudo publicado na Revista Autism, os pesquisadores se propuseram a entender melhor os interesses restritos em um grupo de 237 jovens autistas de 2 a 18 anos com deficiência intelectual. Os dados foram coletados com base em questionários preenchido pelos pais sobre os sinais de autismo e interesses especiais de seus filhos.

Os resultados descobriram que 75% dos jovens autistas tinham pelo menos um interesse especial e 50% deles tinham dois ou mais interesses especiais. Os interesses mais comuns incluíam:

  • Interesses sensoriais (44%) – objetos brilhantes ou de cores vivas, objetos giratórios, objetos macios ou texturizados, etc.
  • Veículos/transporte (19%) – carros e caminhões, trens, aviões e foguetes, etc.
  • Personagens de filmes, livros ou desenhos animados (15%) – Thomas e Seus Amigos, personagens do Universo Marvel, Dora, a Aventureira, etc.
  • TV/DVDs/filmes (13%) – The Wiggles, Dr. Who, Star Wars, etc.
  • Interesses individuais (12%) – interesses relacionados à limpeza, pedras, chaves, banheiros, etc.

Embora menos frequentes, muitas crianças e adolescentes com autismo também manifestaram interesse por computadores/tablets/videogames (10%), brinquedos construtivos como quebra-cabeças ou legos (9%), objetos mecânicos (9%), animais e plantas (7%) e objetos específicos (6%).

Os pesquisadores descobriram que interesses restritos eram mais comuns em pessoas do sexo masculino, com deficiência intelectual e mais desafios sociais e de comunicação. Embora a relação entre interesses especiais e comprometimento social/comunicação não seja bem compreendida, pesquisas anteriores sugerem que crianças pequenas com autismo podem experimentar maiores recompensas de estímulos não sociais do que estímulos sociais, fazendo com que se voltem para interesses especiais em vez de contato social.

Os resultados também mostram que, embora a deficiência intelectual e a idade de uma pessoa não estivessem relacionadas ao número ou tipo de interesses para os quais foram atraídas, havia uma relação significativa entre sexo biológico e tipo de interesse. Em particular, as mulheres eram mais propensas a ter interesses criativos como desenhar, pintar ou atuar, enquanto os homens eram mais propensos a ter interesse em personagens, veículos/transportes, computadores/videogames, objetos mecânicos e brinquedos construtivos.

Embora esses resultados ampliem o conhecimento sobre interesses restritos no autismo, o estudo apresenta algumas limitações. Os pais podem ter sido mais propensos a relatar interesses especiais que eram facilmente observáveis ​​ou desafiadores, e menos propensos a relatar interesses que são mais típicos ou adaptativos. Pesquisas futuras devem buscar entrevistar diretamente de pessoas autistas para obter uma visão completa de seus interesses.

Fonte: Autism Speaks

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