Como se sabe, durante a puberdade os adolescentes experimentam mudanças em seus corpos. Além disso, é o momento em que normalmente se abandonam os interesses infantis para começar a transição para a vida adulta. Essas mudanças no corpo e na mente podem ser difíceis para qualquer um. Mas para as crianças no espectro do autismo e suas famílias, esse tempo pode ser particularmente desafiador.

Por isso, trazemos algumas dicas de como lidar com algumas questões muito comuns da adolescência dentro do espectro.

Mudanças no corpo
O corpo de todos muda durante a puberdade. Quando os meninos atingem a puberdade, a voz diminui de tom e o pênis cresce. Quando as meninas atingem a puberdade, os seios aumentam, a menstruação começa. É importante conversar com seu filho antes que essas mudanças aconteçam.

Em ambos os sexos, a puberdade traz o crescimento dos pêlos pubianos e axilares e uma tendência aumentada para a acne. Com isso, os pais devem ficar mais atentos a atividades cotidianas como uso de desodorante, lavar o rosto e tomar banho.

No caso das meninas, ainda há a menstruação. Uma dica importante é usar  ferramentas como figuras ou desenhos animados para explicar à sua filha questões como higiene íntima durante aqueles dias.

Novos interesses
Além das questões corporais, as mudanças hormonais também costumam trazer novos interesses a meninos e meninas.

Com indivíduos dentro do espectro, porém, isso é relativo. Pessoas com autismo de menor funcionalidade, por exemplo, podem continuar tendo os mesmos gostos de criança para sempre. Ao mesmo tempo, os indivíduos com autismo com menor comprometimento intelectual podem acompanhar essa mudança de interesses, trazendo consigo novas demandas sociais.

É a partir disso que os pais devem estar atentos. Isso porque é preciso levar em consideração as prováveis dificuldades sociais. A expectativa criada pelo desejo ser aceito por um grupo, de fazer novos amigos e manter essas amizades — ou mesmo como manter as amizades cultivadas durante a infância –, o desenvolvimento de interesses românticos… Tudo isso pode gerar um grande sofrimento.

Uma forma de lidar com isso é criar uma rotina de treino de habilidades sociais desde cedo e, a partir da indicação do Terapeuta ABA.

Sentimentos sexuais
Durante a puberdade, a maioria das pessoas começa a experimentar impulsos sexuais. Da mesma forma, é normal que as crianças do espectro se sintam desejos. Mas para adolescentes com problemas sensoriais associados ao autismo, essas novas sensações podem causar ansiedade.

Seu filho também pode começar a se masturbar – também uma parte saudável e normal do desenvolvimento. No entanto, diferentemente de seus colegas em desenvolvimento típico, alguns adolescentes no espectro do autismo não têm consciência social para saber quando e onde é apropriado e quando não é.

Por isso, é importante discutir esse problema com seu filho sobre o que é, o que não é apropriado e como mantê-lo seguro de potenciais abusadores. Essa é uma conversa difícil e séria, mas que precisa ser feita. Se você não se sente à vontade para falar sobre isso ou precisa de assistência sobre como iniciar a conversa, converse com o terapeuta de seu filho.

Desafios escolares
Antes de tudo, não custa nada lembrar: cada indivíduo tem o seu tempo e limitações com relação ao estudo regular nas escolas (no Brasil ainda há a dificuldade extra em saber se a escola tem de fato a estrutura básica para receber estudantes dentro espectro, mas essa é assunto para outro momento) e nem todas estarão matriculadas regularmente no colégio.

De qualquer forma, a vida social das crianças daquelas que estão matriculadas é, em boa parte, dentro do convívio escolar. Por isso, é preciso estar atento para as novas demandas escolares. Por exemplo, se seu filho estiver nas aulas regulares, os professores solicitarão um pensamento mais abstrato e esperarão tarefas que não possam ser concluídas através da memorização. Muitas crianças no espectro são fantásticas na lembrança, mas lutam com conceitos abstratos. Portanto, esteja ciente de que a escola pode ficar muito mais difícil e isso, por sua vez, pode prejudicar a auto-estima.

Durante esse período, você pode trabalhar com seu filho e seu terapeuta para descobrir maneiras de criar estima e um senso de auto-relação que não estão relacionados às notas. O terapeuta também pode ajudar seu filho a aprender a lidar com a frustração de ter que pedir ajuda.

Convulsões
Há uma quantidade crescente de pesquisas associando a puberdade a uma tendência nova ou aumentada de convulsões entre aqueles que têm autismo. É importante discutir isso com o médico do seu filho e aprender a reconhecer possíveis sinais e sintomas. Se você tiver outras preocupações, é uma boa ideia encontrar um neurologista qualificado para autismo para conversar sobre suas opções.

A estereotipia é um dos mais claros sinais comportamentais de uma criança com autismo e envolve a repetição, rigidez e invariância e a tendência de demonstrar comportamentos inadequados.

Os comportamentos estereotipados podem se apresentar de várias formas. Gestos envolvendo a coordenação motora fina, como movimentos envolvendo os dedos e as mãos; repetições de sons, palavras ou frases logo após serem faladas ou emitidas e o uso de experiências sensoriais, como cheirar ou tocar objetos e pessoas são algumas das manifestações mais comuns.

As estereotipias podem envolver também interesses específicos das crianças, como a repetição incessante de uma canção ou desenho animado, ou de uma parte específica deles. Em todos esses casos, pode-se considerar que são comportamentos inofensivos.

É necessária a intervenção?
Isso depende. Há manifestações da estereotipia que podem representar riscos às próprias crianças ou pessoas próximas. Há crianças que esfregam os olhos e apertam os globos oculares, por exemplo, o que podem gerar sérias lesões na visão. Outras que mordem os lábios ou parte do corpo, causando lesões nessas regiões. Fora os casos que podem causar constrangimentos sociais, como o comportamento de tocar a genitália.

De qualquer forma, a intervenção não está baseada apenas no fato do comportamento ocorrer — como dito anteriormente, a maior parte das manifestações de estereotipias não significa risco para a integridade física do indivíduo – e sim sob os efeitos negativos que podem ter no desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
Isso porque o comportamento estereotipado, seja ele qual for, pode ocupar muito tempo da criança durante o dia, tornando mais difícil que ela se envolva em outras atividades que podem produzir o desenvolvimento de novas habilidades ou facilitar sua aceitação social na comunidade que ela vive.

Assim, quando esses comportamentos atrapalham de alguma forma o desenvolvimento infantil é que vamos falar sobre a intervenção visando a redução desse comportamento.

Reforço social x sensorial
Para isso, entretanto, é preciso saber diferenciar o tipo de reforçamento que está causando ou mantendo a estereotipia. O comportamento está sendo reforçado social ou sensorialmente?

O reforçamento social está ligado à quando alguém dá atenção a outra pessoa e nesse caso, se essa pessoa está engajando em um comportamento estereotipado e recebe atenção por isso, a gente pode pressupor que a estereotipia tende a aumentar.

Já os comportamentos estereotipados sensoriais estão ligados às respostas que estes trazem ao próprio corpo. Se existe alguma preferência pelo contato de uma experiência sensorial, essa pessoa promove esse comportamento para ter acesso a essa consequência, seja alívio, prazer ou conforto.
Cada indivíduo terá que ter seu comportamento estereotipado avaliado para que se entenda a função desse comportamento e então seja proposto um programa de intervenção com chance de ser bem-sucedido.

As estimativas mais recentes sobre a prevalência do autismo nas populações indicam que 1 em cada 54 crianças irão apresentar os sintomas do autismo. Além disto, cerca de 50% dessas crianças apresentarão comportamentos disruptivos como birras intensas, jogar-se ao chão em recusa para responder, desafiar instruções para cumprir rotinas, expressões de raiva e outros problemas de comportamentos sérios na vida cotidiana.

A pesquisa científica mostra que o Treino de Pais é efetivo na redução desses comportamentos em crianças e adolescentes, inclusive para indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Com o ensino de estratégias baseadas em evidências é possível melhorar as habilidades parentais e evitar esses comportamentos.

O curso “ABC da Parentalidade Positiva” é um curso introdutório voltado para pais que não tiveram contato com estratégias da Análise do Comportamento Aplicada anteriormente e servirá para ensinar habilidades cruciais para que pais aprendam estratégias eficientes para promoverem a cooperação infantil.

A pedido das famílias que não podem acompanhar o curso em um horário fixo, disponibilizaremos todos os vídeos, apostilas e exercícios de cada uma das sessões em uma plataforma de ensino à distância.

Os participantes poderão acompanhar as sessões ao vivo e tirar suas dúvidas com as professoras, através de um link que será enviado individualmente, mas também terão acesso as aulas gravadas para assistirem quando desejarem, durante um período de três meses a partir do início do curso.

Além das aulas gravadas, os alunos também terão acesso a apostilas e exercícios em cada uma das sessões, bem como o acesso a um fórum virtual para tirarem suas dúvidas e partilharem suas experiencias com os outros participantes.

Em virtude do momento delicado que passamos e a necessidade das famílias, o curso terá valor promocional de R$ 85,00 pelas dez sessões, que acontecerão todas as quintas-feiras, a partir do dia 21 de maio, às 18h.

O curso será ministrado pela Diretora Clínica da Casulo Comportamento e Saúde, Mylena Pinto Lima, e pela Terapeuta líder Geisiely de Paulo de Souza. Será emitido de certificado de 10h após a conclusão do curso.

Para realizar a inscrição você deve realizar os seguintes passos:

1. Realizar um depósito no valor de R$ 85,00 na conta:

Banco: 756 – Bancoob/Sicoob
Agência/Cooperativa: 3007
Conta: 74.729-7
CNPJ: 28.567.656.0001-00
Razão Social: Casulo Comportamento e Saúde Ltda;

2. Enviar um e-mail para casulocsads@gmail.com com o COMPROVANTE DE PAGAMENTO e seus dados pessoais;

3. Você receberá um e-mail de confirmação e instruções para acesso as aulas ao vivo pela plataforma Zoom e para o acesso as aulas gravadas e materiais complementares;

Mais informações através do e-mail: casulocsads@gmail.com

Uma das maiores preocupações de organizações e profissionais que cuidam da qualidade do tratamento de pessoas com autismo no mundo é a garantia de diretrizes mínimas para que o tratamento seja feito de modo apropriado. Ou seja, uma prática ética responsável da Análise Aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis – ABA) para promover o tratamento efetivo de pessoas com TEA, com o objetivo de garantir que essas pessoas possam desenvolver seu potencial de forma plena.

Essas diretrizes que guiam o tratamento ABA são estabelecidas por organizações como a Behavior Analyst Certification Board, organização internacional que credencia profissionais qualificados para aplicarem a Ciência ABA.

A Dra. Mylena Lima explica que hoje existem amplas pesquisas científicas que estabelecem essas diretrizes mínimas para um tratamento de qualidade, seja no momento da terapia, da supervisão dos tratamentos ou dos treinos parentais.

Essas diretrizes são fundamentais porque a Terapia ABA trabalha com as especificidades de cada criança, por isso, é importante estabelecer padrões mínimos de atendimento e acompanhamento. Dessa forma, inúmeros ajustes no tratamento são necessários para acompanhar o desenvolvimento das crianças, seja por mudanças de contexto, ambientais ou comportamentos específicos.

Além disso, sendo a Análise do Comportamento Aplicada uma ciência baseada em resultados científicos e estudos extensos, o tratamento efetivo em ABA deve se basear nesses estudos e ser supervisionado por profissionais altamente capacitados que possam acompanhar e avaliar as necessidades de cada pessoa atendida.

Tratamento errado mais atrapalha que ajuda

Segundo a Dra. Mylena Lima, um tratamento ABA feito por pessoas não qualificadas pode prejudicar o desenvolvimento de crianças com autismo, isso acontece caso o tratamento não tenha o efeito ou tenha um efeito negativo.

Caso o tratamento seja inócuo, ou seja, não tenha o efeito esperado, ele pode ser uma perda de tempo, esforço e recursos dos pais e das crianças, prejudicando a intervenção precoce.

Isso acontece porque durante a infância o cérebro humano é mais neuroplástico, ou seja, tem mais capacidade de se adaptar e aprender a partir de novas experiencias. Caso a criança com autismo não tenha um tratamento efetivo nesse período, suas possibilidades de aprender repertórios básicos que serão importantes no seu desenvolvimento ficam prejudicadas e ela precisará de mais terapia para desenvolver essas habilidades no futuro.

Um tratamento ABA feito por pessoas não qualificadas também pode ter efeitos negativos. Se os sintomas do autismo e os comportamentos são tratados de modo inapropriados, você pode observar uma piora nesses sintomas e comportamentos e um comprometimento no desenvolvimento daquela pessoa.

Por isso, é tão importante que o tratamento esteja de acordo com as diretrizes e seja feito por profissionais qualificados e com um suporte apropriado, sempre baseado em evidências e estudos científicos reconhecidos pela comunidade acadêmica.

É difícil encontrar alguém que não goste de sair para jantar em um lugar diferente. Afinal essa é uma ótima forma de interação lazer e de propiciar uma maior interação familiar. Entretanto, para famílias com crianças com TEA, fazer refeições fora podem não ser tão simples assim.

O ambiente diferente, com múltiplos estímulos e com muitas pessoas diferentes ao redor, pode rapidamente se tornar extremamente estressante para um indivíduo dentro do espectro.

Não são raros os exemplos de famílias com crianças com autismo que, por conta de experiências ruins em restaurantes, simplesmente deixaram de frequentar esses locais. O que pode ser muito frustrante para todas as pessoas dentro do seio familiar, inclusive para o indivíduo com TEA.

Mas há formas de fazer com que esse momento se torne mais prazeroso para todos os envolvidos.

Por exemplo, antes de levar seu filho ou filha a um restaurante de verdade, que tal fazer alguns testes em casa, como uma saída de mentirinha? Isso pode ajudar a familiarizar a criança com a experiência. Para isso, uma boa ideia é seguir alguns passos:

1- Pratique a experiência de comer fora desde o seu início, desde o processo de escolha do cardápio (quem sabe nesse dia ter mais de uma opção para o jantar para que fique mais real?) até o processo de pedir e esperar pela comida.

2- Enquanto seu filho ou filha espera pela comida, é importante que ele ou ela fique sentado(a) durante esse momento. Por isso, tente dar um passatempo calmo e silencioso para que ela possa se distrair enquanto isso. Muitos restaurantes oferecem giz de cera e desenhos para colorir para as crianças, por exemplo. Lembre-se de apresentar uma atividade que poderá ser usada em um restaurante de verdade no futuro.

3- Faça um ensaio em um estabelecimento mais simples e rápidos: um local de fast food ou um self-service. Sim, a experiência é um pouco diferente e mais rápida, mas ajudará a pavimentar o caminho para gerenciar uma refeição em um restaurante típico no futuro.

Chegou o momento de ir a um restaurante propriamente dito? Tente fazê-lo após a abertura ou durante o horário mais lento. Isso significa menos gente, menos barulho e, consequentemente, menos estresse para a criança e para você.

Planeje bem, planeje sempre

Uma estratégia bem-sucedida ao lidar com uma rotina desconhecida é preparar o indivíduo com TEA com antecedência. A preparação pode reduzir bastante a ansiedade em ambientes desconhecidos e ajuda a pessoa a saber o que esperar.

Tire um tempo para planejar e preparar-se para sair para comer, considerando as seguintes perguntas:

– Onde vocês vão?
– É um ambiente superestimulante?
– A criança ou o indivíduo com TEA já esteve lá antes?
– Quanto tempo você terá que esperar por um assento?
– A que hora do dia você vai?
– Você pode fazer uma reserva?
– Quais tipos de alimentos (que a criança ou o indivíduo com TEA gosta) eles servem?
– Você pode imprimir o menu em casa?
– Você marcou o evento como especial no calendário?

Tem alguma experiência bem-sucedida? Conte-nos nos comentários!

Texto adaptado do site Autism Speaks 

Essa é uma pergunta comum, com uma resposta complicada, porque pode haver muitas variações de como e quando os sintomas do autismo se tornam aparentes. Nunca é cedo para uma avaliação geral do desenvolvimento.

Pediatras podem identificar atrasos no desenvolvimento em bebês e crianças pequena. Muitos desses atrasos – incluindo os atrasos de linguagem e sociais associados ao autismo – podem ser identificados aos 18 meses, se não antes.

Quanto ao autismo, estudos demonstram que os sinais comportamentais podem começar a surgir em 6 a 12 meses. No entanto, a maioria dos profissionais especializados no diagnóstico do distúrbio não tentará fazer um diagnóstico definitivo até 18 meses. Isso ocorre porque os sintomas do autismo podem continuar a surgir – ou desaparecer – até cerca de 24 meses. Naquele momento, dizemos que um diagnóstico de autismo tende a se tornar “estável”.

Como ilustração, considere o exemplo de uma criança que cumpre todos os seus marcos de desenvolvimento aos 18 meses, mas depois começa a perder habilidades, ou “regredir”. Em outras palavras, o autismo não pode ser descartado aos 18 meses. Por outro lado, alguns bebês mostram sinais e atrasos precoces, mas depois alcançam seus pares em 24 meses.

Dito isto, algumas crianças podem ser diagnosticadas antes dos 24 meses. Também é importante lembrar que muitas crianças com autismo de alto funcionamento não são diagnosticadas até entrar na escola e começar a ter dificudades sociais socialmente.

Confie no seu instinto

Importante notar que muitas vezes os pais conseguem captar os primeiros sinais de autismo. Portanto, se você estiver preocupado, peça ao seu médico um encaminhamento para um pediatra ou psicólogo do desenvolvimento especializado no distúrbio.

Mesmo que seu filho seja jovem demais para ser avaliado quanto ao autismo, você ainda pode solicitar uma avaliação por atrasos no desenvolvimento. Entre em contato conosco e agende uma consulta!

Fonte: Autism Speaks (com alterações)

A conquista da independência de sua criança com autismo é um sonho de qualquer mãe ou pai. É claro que nem todos os casos a ideia de uma vida totalmente independente tal qual um indivíduo neurotípico será possível.

Mas é importante lembrar que tal independência dependerá dos níveis de limitações de cada pessoa e isso deve ser sempre levado em consideração. Ainda assim, é possível que o indivíduo com TEA seja mais independente em determinados aspectos e menos em outros. Tudo depende de uma série de fatores que variam de caso a caso.

Lembre-se que criar expectativas irreais pode se tornar um grande problema para as famílias e para o próprio indivíduo no espectro.

Deixando isso claro, saiba algumas das habilidades essenciais para os pais podem desde já treinar com suas crianças para que elas se desenvolvam socialmente.

1- Trabalhar a comunicação

Se sua criança tem dificuldades em desenvolver a linguagem falada, um passo crítico para aumentar a independência é fortalecer sua capacidade de se comunicar, desenvolvendo habilidades e fornecendo ferramentas para ajudar a expressar preferências, desejos e sentimentos. Considere introduzir a Comunicação Alternativa Aumentativa (AAC) e os suportes visuais. Os tipos comuns de AAC incluem sistemas de comunicação de troca de imagens (PECS), dispositivos de saída de fala (como DynaVox, iPad etc.) e linguagem de sinais.

2- Crie formas visuais de programação 

O uso de uma programação visual com seu filho ou filha pode ajudar na transição de uma atividade para outra com menos estímulos. Revise cada item da programação com seu filho e lembre-o de verificar a programação antes de cada transição. Com o tempo, ele ou ela será capaz de concluir esta tarefa com crescente independência, praticar a tomada de decisões e realizar as atividades que lhe interessam.

3- Trabalhe habilidades de autocuidado

É fundamental introduzir atividades de autocuidado na rotina do seu filho. Escovar os dentes, pentear cabelos e outras atividades da vida diária (AVDs) são importantes habilidades para a vida, e introduzi-las o mais cedo possível pode permitir que seu filho as domine mais facilmente. Inclua essas coisas na programação do seu filho para que ele se acostume a tê-las como parte da rotina diária.

4- Ensine seu filho a pedir uma pausa

Certifique-se de que seu filho tenha uma maneira de solicitar uma pausa – adicione um botão “Pausa” no dispositivo de comunicação, uma figura no livro PECS, etc. Identifique uma área silenciosa para onde a criança possa ir se sentir sobrecarregado. Como alternativa, considere oferecer fones de ouvido ou outras ferramentas para ajudar a regular a entrada sensorial. Embora possa parecer uma coisa simples, saber pedir uma pausa pode permitir que seu filho recupere o controle sobre si mesmo e sobre seu ambiente.

5- Introduza nas tarefas domésticas

Fazer as crianças cumprirem as tarefas domésticas pode ensinar-lhes responsabilidades, envolvê-las nas rotinas da família e transmitir habilidades úteis para levar consigo à medida que envelhecem. Se você acha que seu filho pode ter problemas para entender como executar uma tarefa inteira, considere usar uma análise de tarefa. Este é um método que envolve dividir grandes tarefas em etapas menores.

6- Pratique Habilidades de Dinheiro

Aprender a usar o dinheiro é uma habilidade muito importante que pode ajudar a criança com TEA a se tornar independente no dia adia. Independentemente das habilidades que seu filho possui atualmente, existem maneiras de começar a aprender habilidades financeiras. Na escola, considere adicionar habilidades financeiras ao Plano de Educação Individualizado do seu filho e, quando estiver com ele em uma loja ou supermercado, permita que ele entregue o dinheiro ao caixa. Passo a passo, você pode ensinar cada parte desse processo. Seu filho pode começar a usar essas habilidades em diferentes contextos da comunidade.

7- Ensinar habilidades de segurança comunitária

A segurança é uma grande preocupação para muitas famílias, especialmente quando as crianças se tornam mais independentes. Ensinar sobre segurança de pedestres, identificação de sinais e outros marcadores de segurança importantes, e familiarizando-se com o transporte público são fundamentais para a futura independência da criança.

Ensinar como se portar com interações de estranhos e como pedir ajuda, também são pontos muito importantes.

Se seu filho ou filha já está ensaiando esses passos, considere fazer com que ele leve consigo sempre além da identidade, que pode ser muito útil para fornecer seu nome, uma breve explicação sobre seu diagnóstico e uma pessoa de contato. Você pode encontrar exemplos de cartões de identificação e outros ótimos materiais de segurança na internet.

8- Desenvolva habilidades de lazer

Ser capaz de se envolver em lazer e recreação independentes é algo que servirá bem ao seu filho ou filha durante toda a sua vida. Muitas pessoas com autismo têm interesses especiais em um ou dois assuntos e você pode ajudar a criança a interagir com a comunidade traduzindo esses interesses em atividades recreativas apropriadas para a idade. Esportes coletivos, aulas de natação, artes marciais, grupos de música são exemplos interessantes de interesses que podem ser desenvolvidos.

9- Ensinar o autocuidado durante a adolescência

Entrar na adolescência e iniciar a puberdade pode trazer muitas mudanças para um adolescente com autismo, portanto, este é um momento importante para introduzir muitas habilidades de higiene e autocuidado. Treinar aos adolescentes o hábito de cuidar de si mesmos os preparará para o sucesso e permitirá que eles se tornem muito mais independentes à medida que se aproximam da idade adulta. Recursos visuais podem ser realmente úteis para ajudar seu filho a completar sua rotina de higiene pessoal todos os dias.

Considere fazer uma lista de atividades para ajudar seu filho a acompanhar o que fazer e publicá-lo no banheiro. Isso pode incluir itens como tomar banho, lavar o rosto, colocar desodorante e escovar os cabelos. Para se manter organizado, você pode montar um “kit” de higiene para manter tudo o que seu filho precisa em um só lugar.

Aproveite e considere a possibilidade de trabalhar especificamente a questão de comportamentos inadequados para lidar com questões envolvendo a sexualidade.

10- Trabalho em habilidades vocacionais

A partir dos 14 anos, seu filho ou filha deve ter algumas habilidades profissionais incluídas no Plano de Educação Individualizado. Faça uma lista de seus pontos fortes, habilidades e interesses e use-os para orientar o tipo de atividades profissionais incluídas como objetivos. Este também é um momento para começar a planejar o futuro. Considere todas as maneiras até o momento em que você promove a independência de seu filho: habilidades de comunicação, autocuidado, interesses e atividades e objetivos para o futuro.
A Avaliação de habilidades com base na comunidade (CSA) pode ajudá-lo a avaliar as habilidades e habilidades atuais de seu filho para criar um plano de transição individualizado.

Fonte: Ten Ways to Build Independence (com adaptações) https://www.autismspeaks.org/tool-kit-excerpt/ten-ways-build-independence

 

Nós já demos por aqui algumas dicas sobre o que fazer com sua criança com TEA durante a quarentena envolvendo o Covid-19. Dessa vez, trouxemos esse artigo do site Autism Speaks (adoramos ele!) com mais algumas dicas que podem ajudar você a gerenciar as atividades dos seus filhos com autismo em casa durante esse período de distanciamento / isolamento social.

Vamos às dicas:

1- Crie regras domésticas.
Você e seu filho podem fazer essas regras juntos. Você pode usar as mesmas ou regras semelhantes das usadas na sala de aula ou na escola de seu filho. Você e seu filho podem desenhar ou escrevê-las e publicá-las em algum lugar da sua casa.

2- Defina uma programação ou rotina diária para o seu filho.
Tente dividir períodos longos e não estruturados em atividades mais estruturadas. Por exemplo, o tempo livre pode ser dividido em tempo para: livros e quebra-cabeças, artes e ofícios, atividades de mesa etc.

Tente incluir alguns momentos ao ar livre e exercícios na programação do seu filho, se o tempo e a segurança permitirem. Lembre-se de adicionar as refeições ao horário. Muitas vezes, as crianças têm maior probabilidade de procurar comida durante o dia. Mantenha os tamanhos das porções razoáveis e tente não deixar as crianças comer fora dos horários programados para as refeições e lanches.

  • Escreva essa programação com seu filho ou faça uma programação com figuras (no computador ou desenhe-a). Revise a programação com a criança com frequência. Existem muitos exemplos de agendas on-line que você pode usar para ajudar.
  • Muitos pais terão que fazer malabarismos trabalhando em casa e gerenciar a programação de seu filho. Tente desenvolver a programação de seu filho com os requisitos de trabalho em mente, reservando uma atividade silenciosa ou tempo de exibição para os horários em que você precisará cumprir outras responsabilidades.

 3- Motive seu filho.
Pedir ao seu filho para fazer as tarefas escolares em casa pode ser um desafio. Ajuda ter algo que possa motivá-lo a realizar esse trabalho. Você pode fazer isso simplesmente organizando a agenda do seu filho para que o trabalho chegue antes das atividades divertidas (por exemplo, “Primeiro trabalho escolar, depois brincar fora”). Você também pode criar um sistema de incentivo para o seu filho para realizar o trabalho. Por exemplo, você pode fazer um gráfico em estrela ou adesivo para seu filho e proporcionar uma surpresa ou um tempo extra na tela quando ele receber todos os adesivos / estrelas.

4- Alterne e organize os brinquedos do seu filho. 
As crianças costumam ter muitos brinquedos dentro e fora de casa, mas às vezes esquecem desses objetos. Você pode ajudar a organizar e limitar a quantidade de brinquedos que sua criança tem à sua disposição ao mesmo tempo.

Depois, você pode trocar ou alternar seus brinquedos a cada dois dias. Por exemplo, você pode organizá-los em caixas. Você pode guardar todos, exceto um ou dois nesses compartimentos ou em armazenamento. Isso ajuda a passar a ideia de novidade do próprios brinquedos.

5- Ajude seu filho a começar as atividades. 
Algumas crianças podem ter dificuldade em apresentar suas próprias ideias para atividades lúdicas, encontrar todos os materiais certos e começar tais atividades.  Ajude seu filho a fazer um plano para o que ele gostaria de fazer com o tempo. Você pode dar-lhes algumas ideias criando um quadro de opções ou um menu de opções para elas. Ou simplesmente escrevendo algumas opções em uma folha de papel.

Depois de decidirem o que querem fazer, ajude-os a reunir os materiais de que precisam e inicie a tarefa. Uma vez iniciados, você pode fazer o check-in de vez em quando e elogiá-los por continuarem com a tarefa.

6- Coloque limites no tempo nos eletrônicos.
Limitar o tempo no uso dos tablets e smartphones pode ser um dos maiores desafios para uma família durante os intervalos. Ajuda a estabelecer limites claros antes do dia começar e a revisar esses limites com seu filho frequentemente. Você pode fazer isso agendando o horário da tela em horários específicos do dia e permitindo apenas telas durante esses horários.

Você também pode permitir que seu filho tenha um tempo especificado na tela (por exemplo, 1 hora) e acompanhar o tempo da tela durante o dia. O uso de cronômetros, como cronômetros visuais (existem muitos aplicativos para isso), pode ser útil para definir esses limites.

7- Gerenciar conflitos entre irmãos. 
Tente agendar algumas atividades sozinhas para cada criança periodicamente ao longo do dia. Pode ser necessário supervisionar as atividades do grupo. Elogie e permita que seus filhos trabalhem juntos em busca de uma recompensa, conversando bem entre si, trabalhando cooperativamente em direção a um objetivo comum.

8- Pegue Leve
A última dica é talvez uma das mais importantes: seja gentil consigo mesmo e tenha em mente que quaisquer que sejam seus papéis pessoais, profissionais ou parentais, este é um bom momento para que todos lembremos de dar um tempo e sermos gentis conosco. Não se espera que nenhum pai ou mãe assuma o papel pleno de professor e ofereça o mesmo nível de aprendizado que os ambientes escolares.

Pode haver momentos em que você precise dar tempo extra à tela do seu filho para concluir seu trabalho ou distraí-lo com algumas brincadeiras externas, para que você possa dedicar alguns minutos a si mesmo.

Esperamos que você tente se dar permissão para deixar seus altos padrões habituais de tempos em tempos. Procure conversar com outros pais a respeito do assunto. Quem sabe você pode encontrar uma ou outra resposta para uma demanda ou problema que você esteja vivendo.

 

Não adianta negar, todo pai e mãe em algum momento já se deparou com a famigerada pirraça. Lidar da melhor forma com esse comportamento comum entre qualquer criança em desenvolvimento é difícil. Quando se trata de crianças com TEA, o desafio pode ser ainda maior. Por isso, conversamos com a Diretora Clínica da Casulo Comportamento e Saúde, Mylena Lima, sobre o que é e como lidar com a pirraça das crianças. Veja abaixo!

O que é a pirraça?

O que comumente identificamos como pirraça, dentro da análise do comportamento nós chamamos “comportamentos difíceis”. Geralmente estão relacionados à história de aprendizagem das crianças. Ao conviver com as pessoas, algumas oportunidades de aprendizagem ocorrem.  Dentro disso, as crianças podem aprender tanto a cooperar quanto a demonstrar uma série de comportamentos difíceis em algumas situações.

A pirraça está relacionada à motivação da criança a ter acesso à diferentes coisas (geralmente a atenção do adulto, uma atividade prazerosa ou de lazer, uma guloseimas), mas ela tem dificuldades de solicitá-las adequadamente.

Em qualquer situação que o comportamento difícil ocorra, ela precisa ser manejada de forma apropriada. Claro que cada criança terá um tipo ou uma razão pelo qual faz a pirraça. E para entender as razões os pais precisam, primeiro, entender quais as funções do comportamento.

Essa, inclusive, é uma das funções dos treinos de parentalidade: aprender a como identificar as funções de comportamento. Assim, tendo o suporte de um analista do comportamento, os pais podem identificar as melhores estratégias para lidar com a criança.

O que fazer?

De forma geral, algo importante a se fazer é ensinar as crianças a comunicar o que elas querem de um modo apropriado, seja utilizando a própria voz, usando figuras ou imagens, sinais, etc. O importante é que a criança consiga comunicar o que ela quer naquele momento.

A criança precisa aprender algumas estratégias de comunicação. Ela precisa saber comi dizer que ela não quer fazer alguma coisa, indicar um desconforto, a vontade de fazer uma atividade, de dizer não, quando quer atenção… Enfim, ela precisa aprender a se comunicar de modo funcional para que reduza a necessidade  que ela sente de fazer a pirraça.

Por isso, o ensino de habilidade de comunicação é muito útil para quando a criança está aprendendo a solicitar de modo apropriado. Essas habilidades previnem os comportamentos difíceis, pois servem como ferramentas sociais para que ela comunique o que está sentindo ou desejando.

Lembre-se que os problemas de comportamento precisam ter sua função identificada para que a apropriada forma de manejo comportamental seja feita.

Além disso, quando a situação colocada pela criança passa a ser mais intensa ou arriscada, então é importante que os pais recebam ajuda de um analista de comportamento devidamente treinado e capacitado para ajuda-los a encontrar a melhor estratégia para lidar com a pirraça.

Em geral, a melhor maneira de proteger a si ou a seus familiares é muito semelhante às melhores práticas para todas as pessoas, a fim de evitar outras doenças virais, como a gripe sazonal.

Hábitos saudáveis podem ajudar a proteger você e sua família. Isso inclui uma boa lavagem das mãos, limitando o contato com pessoas doentes e mantendo uma distância adequada das outras pessoas.

Entretanto, se você está cuidando de uma criança ou membro da família com autismo, é importante conversar com ela sobre o coronavírus para garantir que eles tenham as informações necessárias, mas sem assustá-la desnecessariamente. Veja algumas dicas:

•    Converse com seus filhos antes que eles ouçam sobre isso em outro lugar, para que você possa entender o que eles sabem e fornecer fatos apropriados à idade e compreensão deles.
•    Comunique-se da maneira que seu filho preferir. Pequenas histórias ou fotos podem ajudar com que a criança entenda o que fazer para se prevenir ele mesmo da doença.
•    Permita que seu filho processe as informações. Isso pode significar que eles “se destacam” ou falam sobre tópicos temerosos, mas você pode estar disponível para tranquilizá-los e responder a perguntas.
•    Comunique-se com seu sistema de suporte, incluindo contatos da escola, profissionais de saúde e grupos de apoio.
•    Procure mudanças na rotina ou outros sinais de angústia. Seu filho pode precisar de apoio adicional se estiver estressado ou ansioso.
•    Seja uma fonte de tranquilidade e positividade para ajudar seu filho a se sentir seguro em situações assustadoras.

No mais, tente você mesmo manter a calma. Cuide de sua saúde mental e tente não se levar por um pânico coletivo. Ficar um pouco distante das redes sociais, pode fazer bem, uma vez que elas podem ser elas mesmas fontes de estresse e angústia.

E sempre (sempre mesmo) tome cuidado com as notícias falsas. Manter a serenidade é sempre a melhor forma de passar pelos momentos mais difíceis.

(Fonte: Texto adaptado do Autism Speaks)