Já falamos anteriormente sobre o autismo entre as meninas, mas acreditamos que precisamos voltar ao tema.

Isso porque um novo trabalho publicado na PubMed sugere que as meninas provavelmente só receberão um diagnóstico de autismo apenas se tiverem deficiências sociais significativas – corroborando a ideia de que as ferramentas de diagnóstico não são bem usadas para perceber algumas meninas com TEA.

As meninas com diagnóstico de autismo pontuaram quatro pontos a mais no SCQ (Social Communication Questionnaire, teste utilizado para identificar o autismo) em média do que os meninos com a doença, sugerindo que apenas meninas com características graves recebem o diagnóstico. Especificamente, as meninas tendem a ter mais problemas com a comunicação social, como brincar em grupos ou sorrir.

O apontamento é especificamente preocupante, pois ignora uma grande quantidade de meninas que são suavemente afetadas pelo autismo. Sem o diagnóstico correto, é mais provável que essas meninas nunca cheguem a desenvolver seus respectivos potenciais como seria através do tratamento adequado, alimentando o sofrimento causado pelo estigma dado a comportamentos que fujam do padrão socialmente aceito.

As descobertas também ressaltam a existência de diferenças de sexo na comunicação social entre crianças neurotípicas: as meninas podem precisar de melhores habilidades sociais para cumprir o padrão de comportamento “normal”.

“O estudo dá uma contribuição em termos de mostrar essas diferenças populacionais em larga escala nos marcadores do espectro do autismo”, diz Rene Jamison, professor clínico associado do Centro Médico da Universidade de Kansas em Kansas City, que não esteve envolvido no estudo. “Isso ilustra a necessidade de considerar grupos de referência específicos para cada sexo”.

As diferenças na comunicação social podem estar parcialmente relacionadas aos desafios que as meninas enfrentam quando se aproximam da adolescência, diz Marisela Huerta, professora assistente de psicologia em psiquiatria clínica na Weill Cornell Medicine em Nova York, que não esteve envolvida no estudo. “Pode chegar um ponto em que a expectativa do comportamento social das meninas em geral seja diferente do que é para os meninos”, diz Huerta.

“A interpretação que estou buscando instintivamente é que a avaliação diagnóstica real é tendenciosa contra o fenótipo do autismo feminino”, diz William Mandy, professor sênior de psicologia clínica na University College London, que não esteve envolvido no estudo. Os resultados foram publicados a 30 de março no Journal of Clinical Child and Adolescent Psychology.

A equipe de Carpenter planeja examinar as diferenças sexuais nas características do autismo entre crianças mais novas, usando várias ferramentas de rastreamento e diagnóstico.
Fonte: Spectrum News

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