A estereotipia é um dos mais claros sinais comportamentais de uma criança com autismo e envolve a repetição, rigidez e invariância e a tendência de demonstrar comportamentos inadequados.

Os comportamentos estereotipados podem se apresentar de várias formas. Gestos envolvendo a coordenação motora fina, como movimentos envolvendo os dedos e as mãos; repetições de sons, palavras ou frases logo após serem faladas ou emitidas e o uso de experiências sensoriais, como cheirar ou tocar objetos e pessoas são algumas das manifestações mais comuns.

As estereotipias podem envolver também interesses específicos das crianças, como a repetição incessante de uma canção ou desenho animado, ou de uma parte específica deles. Em todos esses casos, pode-se considerar que são comportamentos inofensivos.

É necessária a intervenção?
Isso depende. Há manifestações da estereotipia que podem representar riscos às próprias crianças ou pessoas próximas. Há crianças que esfregam os olhos e apertam os globos oculares, por exemplo, o que podem gerar sérias lesões na visão. Outras que mordem os lábios ou parte do corpo, causando lesões nessas regiões. Fora os casos que podem causar constrangimentos sociais, como o comportamento de tocar a genitália.

De qualquer forma, a intervenção não está baseada apenas no fato do comportamento ocorrer — como dito anteriormente, a maior parte das manifestações de estereotipias não significa risco para a integridade física do indivíduo – e sim sob os efeitos negativos que podem ter no desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
Isso porque o comportamento estereotipado, seja ele qual for, pode ocupar muito tempo da criança durante o dia, tornando mais difícil que ela se envolva em outras atividades que podem produzir o desenvolvimento de novas habilidades ou facilitar sua aceitação social na comunidade que ela vive.

Assim, quando esses comportamentos atrapalham de alguma forma o desenvolvimento infantil é que vamos falar sobre a intervenção visando a redução desse comportamento.

Reforço social x sensorial
Para isso, entretanto, é preciso saber diferenciar o tipo de reforçamento que está causando ou mantendo a estereotipia. O comportamento está sendo reforçado social ou sensorialmente?

O reforçamento social está ligado à quando alguém dá atenção a outra pessoa e nesse caso, se essa pessoa está engajando em um comportamento estereotipado e recebe atenção por isso, a gente pode pressupor que a estereotipia tende a aumentar.

Já os comportamentos estereotipados sensoriais estão ligados às respostas que estes trazem ao próprio corpo. Se existe alguma preferência pelo contato de uma experiência sensorial, essa pessoa promove esse comportamento para ter acesso a essa consequência, seja alívio, prazer ou conforto.
Cada indivíduo terá que ter seu comportamento estereotipado avaliado para que se entenda a função desse comportamento e então seja proposto um programa de intervenção com chance de ser bem-sucedido.

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