Como se sabe, durante a puberdade os adolescentes experimentam mudanças em seus corpos. Além disso, é o momento em que normalmente se abandonam os interesses infantis para começar a transição para a vida adulta. Essas mudanças no corpo e na mente podem ser difíceis para qualquer um. Mas para as crianças no espectro do autismo e suas famílias, esse tempo pode ser particularmente desafiador.

Por isso, trazemos algumas dicas de como lidar com algumas questões muito comuns da adolescência dentro do espectro.

Mudanças no corpo
O corpo de todos muda durante a puberdade. Quando os meninos atingem a puberdade, a voz diminui de tom e o pênis cresce. Quando as meninas atingem a puberdade, os seios aumentam, a menstruação começa. É importante conversar com seu filho antes que essas mudanças aconteçam.

Em ambos os sexos, a puberdade traz o crescimento dos pêlos pubianos e axilares e uma tendência aumentada para a acne. Com isso, os pais devem ficar mais atentos a atividades cotidianas como uso de desodorante, lavar o rosto e tomar banho.

No caso das meninas, ainda há a menstruação. Uma dica importante é usar  ferramentas como figuras ou desenhos animados para explicar à sua filha questões como higiene íntima durante aqueles dias.

Novos interesses
Além das questões corporais, as mudanças hormonais também costumam trazer novos interesses a meninos e meninas.

Com indivíduos dentro do espectro, porém, isso é relativo. Pessoas com autismo de menor funcionalidade, por exemplo, podem continuar tendo os mesmos gostos de criança para sempre. Ao mesmo tempo, os indivíduos com autismo com menor comprometimento intelectual podem acompanhar essa mudança de interesses, trazendo consigo novas demandas sociais.

É a partir disso que os pais devem estar atentos. Isso porque é preciso levar em consideração as prováveis dificuldades sociais. A expectativa criada pelo desejo ser aceito por um grupo, de fazer novos amigos e manter essas amizades — ou mesmo como manter as amizades cultivadas durante a infância –, o desenvolvimento de interesses românticos… Tudo isso pode gerar um grande sofrimento.

Uma forma de lidar com isso é criar uma rotina de treino de habilidades sociais desde cedo e, a partir da indicação do Terapeuta ABA.

Sentimentos sexuais
Durante a puberdade, a maioria das pessoas começa a experimentar impulsos sexuais. Da mesma forma, é normal que as crianças do espectro se sintam desejos. Mas para adolescentes com problemas sensoriais associados ao autismo, essas novas sensações podem causar ansiedade.

Seu filho também pode começar a se masturbar – também uma parte saudável e normal do desenvolvimento. No entanto, diferentemente de seus colegas em desenvolvimento típico, alguns adolescentes no espectro do autismo não têm consciência social para saber quando e onde é apropriado e quando não é.

Por isso, é importante discutir esse problema com seu filho sobre o que é, o que não é apropriado e como mantê-lo seguro de potenciais abusadores. Essa é uma conversa difícil e séria, mas que precisa ser feita. Se você não se sente à vontade para falar sobre isso ou precisa de assistência sobre como iniciar a conversa, converse com o terapeuta de seu filho.

Desafios escolares
Antes de tudo, não custa nada lembrar: cada indivíduo tem o seu tempo e limitações com relação ao estudo regular nas escolas (no Brasil ainda há a dificuldade extra em saber se a escola tem de fato a estrutura básica para receber estudantes dentro espectro, mas essa é assunto para outro momento) e nem todas estarão matriculadas regularmente no colégio.

De qualquer forma, a vida social das crianças daquelas que estão matriculadas é, em boa parte, dentro do convívio escolar. Por isso, é preciso estar atento para as novas demandas escolares. Por exemplo, se seu filho estiver nas aulas regulares, os professores solicitarão um pensamento mais abstrato e esperarão tarefas que não possam ser concluídas através da memorização. Muitas crianças no espectro são fantásticas na lembrança, mas lutam com conceitos abstratos. Portanto, esteja ciente de que a escola pode ficar muito mais difícil e isso, por sua vez, pode prejudicar a auto-estima.

Durante esse período, você pode trabalhar com seu filho e seu terapeuta para descobrir maneiras de criar estima e um senso de auto-relação que não estão relacionados às notas. O terapeuta também pode ajudar seu filho a aprender a lidar com a frustração de ter que pedir ajuda.

Convulsões
Há uma quantidade crescente de pesquisas associando a puberdade a uma tendência nova ou aumentada de convulsões entre aqueles que têm autismo. É importante discutir isso com o médico do seu filho e aprender a reconhecer possíveis sinais e sintomas. Se você tiver outras preocupações, é uma boa ideia encontrar um neurologista qualificado para autismo para conversar sobre suas opções.

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